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Notícias

25/07/2016 11:10

Paratleta baiana Sarah Oliveira "mãodala" na Copa Brasil

Fonte: A Tarde

Pela história de superação, a paraciclista baiana Sarah Oliveira pode ser chamada de mulher com mãos de ferro. Isso não significa, entretanto, que para competir no Circuito Brasileiro de Paraciclismo, ela deva continuar usando uma antiga bike de aço e já fora das especificações atuais.

A modalidade em que ela compete é para pessoas portadoras de necessidades especiais. O tipo de bicicleta é apropriado para "mãodalar", como ela mesma explica. É que as pedaladas são feitas com as mãos, em vez dos pés.

Além disso, Sarah executa os movimentos deitada. O equipamento é perfeitamente adaptado às pessoas com esse tipo de necessidade ou com mobilidade reduzida.

Enquanto as concorrentes estão devidamente equipadas com bikes de alumínio, a baiana corre com um equipamento fora de linha.

Amigos de Sarah decidiram ajudar com uma campanha online, que pode ser acessada na internet até o dia 28 de agosto, no endereço vakinha.com.br/vaquinha/vamos-ajudar-sarah.

A iniciativa, que começou no dia 30 de junho, visa a aquisição da bike. A ajuda financeira pode ser feita no cartão de crédito ou boleto.

Para a próxima etapa, em outubro, no Paraná, Sarah torce para já ter arrecadado os R$ 12 mil necessários à compra da nova bike de alumínio com a qual pretende seguir na competição.

"A bicicleta que eu corro o Brasileiro hoje tem cerca de 30 kg e custou R$ 5 mil. A que eu gostaria de ter pesa uns 14 kg e custa R$ 12 mil", explicou a paraciclista, natural de Cruz das Almas, Bahia, a 146 km de Salvador.
Caso pudesse comprar um equipamento top, com material de fibra de carbono, o preço saltaria para R$ 40 mil.

Apesar da desvantagem em relação às outras atletas, Sarah venceu as duas primeiras etapas do Brasileiro e segue líder da competição.

"Não posso mais correr com uma bike de ferro. Na última etapa ganhei por milagre, com 20 segundos de frente", justificou ela. Além disso, no ano passado foi campeã do circuito e do ranking brasileiro categoria handbike H4 feminino.

Ela não disputou vaga para a Paralímpiada do Brasil, que será disputada em setembro. "Não posso porque não tem vagas para todos os campeões das categorias. Só foi disponibilizada uma vaga para a modalidade handbike", explicou Sarah.

Expectativa para Copa Brasil

Na esperança de conseguir arrecadar os R$ 12 mil a tempo de estrear com a bike na 3ª etapa, a paraciclista depende do andamento da campanha batizada de 'Vamos Ajudar Sarah'. No momento, foram arrecadados R$ 1.715.

Tanto empenho em competir revela o quanto o esporte mudou a vida de Sarah. Em 2005 ela sofreu um grave acidente de carro próximo à barragem Pedra do Cavalo e foi lançada do carro na ribanceira.

Na queda fraturou a coluna e quadril e precisou de várias intervenções cirúrgicas. O acidente atingiu duas vértebras torácicas e limitou seus movimentos a uma cadeira de rodas, interrompendo as pedaladas semanais de ida e volta ao trabalho.

Sarah conta que usava a bike como transporte antes do acidente, ocorrido há dez anos, quando ela trabalhava em um hospital de Cruz das Almas.

Ela relata que desde os 17 anos já fazia o percurso casa/trabalho, que equivalia a 10 km diários.

Uma reviravolta na vida da baiana ocorreu quando uma amiga encontrou no supermercado uma revista na qual havia uma handbike. "Senti que tinha ganhado duas pernas", relembrou Sarah, referindo-se à nova experiência com uma bike adaptada, após a compra de uma pela internet.

O grave acidente

"As lembranças do acidente são poucas diante das cicatrizes e limitações físicas provocadas pelas pancadas", relata a paraciclista.

Do acidente, ela tem recordações impactantes. "Fui lançada fora do carro e durante algum tempo meu corpo rolava ribanceira a baixo. Até perceber que estava parada e que não tinha mais nenhum movimento da cintura para baixo", relatou.

Com fortes dores provocadas pelo trauma físico, Sarah temeu estar diante da morte. "Então, eu fiz um pedido para Deus: 'Eu quero viver para criar a minha filha", relatou.

Como em resposta à breve oração feita por ela, apareceu um pescador. Com a ajuda de outros amigos, o homem ajudou a resgatá-la.

Diante de um local de difícil acesso, os homens rasgaram as próprias camisas em tiras e prenderam à tampa do som que restou do carro. O material serviu para imobilizá-la em segurança até o hospital.

Transferida para Salvador, foi diagnosticada com fraturas na coluna e no quadril. "Internamento, cuidados , exames e cirurgias, veio a confirmação da lesão torácica. Eu estava paraplégica", contou Sarah.

"Durante seis meses eu me perguntava por quê comigo, o que eu fiz de errado? ", continua a paratleta. "Um dia acordei decidida a não mais perguntar e sim tentar aceitar o que havia restado pós-acidente e assim eu tenho feito todos os dias", completou.

Com o tempo, ela aprendeu a ser feliz ao seu modo. Principalmente ao dar a mão ao esporte. "Ganhei uma handbike e, no meu primeiro dia 'mãodalando', simplesmente me senti de novo caminhando com as minhas próprias pernas. Girei tanto que quase não levanto no outro dia", brincou.

A primeira experiência como atleta foi em setembro do ano passado, quando ela disputou a 3ª etapa da Copa Brasil de Paraciclismo. "Logo me tornei campeã da minha categoria. Não pretendo parar até ficar bem velhinha e não aguentar mais 'mãodalar'", diverte-se Sarah.

Treinamento

A rotina de treinamento é pesada, tomando quase integralmente o dia. Em média são 6 horas diárias dedicadas ao paraciclismo. Durante a semana, ela faz ainda duas sessões de musculação, ciclismo, massoterapia e fisioterapia. Em breve iniciará com a natação.

"Conto com o apoio incondicional dos meus treinadores Tiago Gorgatti e Marcos Klaus. Sem eles, eu jamais conseguiria manter os treinos, só tenho a agradecer a Deus", reconhece Sarah.

Assista vídeo.
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