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24/07/2019 11:00

Maternidades Possíveis abre o ano IV do Mulher com a Palavra

Toda mulher precisa ser mãe? Quantos filhos ter? E se a mulher não quiser parir? Esses e outros questionamentos foram abordados na noite da terça-feira (23), durante a primeira edição do Mulher com a Palavra ano IV. No palco do Teatro Castro Alves, a cantora Mariene de Castro e a escritora mineira Ana Maria Gonçalves conversaram sobre ‘Maternidades Possíveis’, com mediação da jornalista Rita Batista.

Projeto da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres da Bahia (SPM-BA) em parceria com a Maré Produções Culturais, o Mulher com a Palavra tem se consolidado como um espaço de diálogo sobre temas que perpassam a vida das mulheres, a exemplo da carreira, feminismos  e enfrentamento à violência de gênero. A iniciativa conta com patrocínio da Avon e Bahiagás.

Durante abertura do Mulher com a Palavra, a titular da SPM-BA, Julieta Palmeira, falou sobre a escolha do tema. “A maternidade e seus impactos são questões importantes na vida da mulher contemporânea. A sociedade, muitas vezes, ‘dita’ que a mulher só é completa se for mãe. Mas essa é uma escolha só dela. Por isso esse tema é tão urgente de discussão.”

 A escritora Ana Maria, que optou por não ter filhos, declarou que “é importante que a possibilidade ou não da maternidade seja debatida por todas as mulheres e que cada uma possa fazer sua escolha sem ser julgada por isso.” Segundo ela, essa cobrança para a maternidade é herança de uma cultura patriarcal e machista, que atrela a felicidade da mulher ao fato de ser mãe.

Mariene de Castro, mãe de quatro filhos, falou sobre sua decisão pela maternidade. “Eu escolhi ser mãe, escolhi a maternidade e meus filhos me escolheram. Nós somos cobradas por não ter filhos, somos cobradas quando temos. A sociedade sempre vai colocar a mulher no local de julgamento”, disse.

Mariene destacou, ainda, o fato de assumir a maternidade sem, necessariamente, permanecer com o companheiro. “Ainda hoje, as pessoas se chocam ao ver uma mulher com seus filhos sem marido. É como se a maternidade estivesse diretamente ligada ao fato de ter o companheiro do lado.”

Rita Batista chamou a atenção para uma questão fundamental da maternidade e que necessita ser combatida: a violência obstétrica. “Quando se fala em sororidade, a gente precisa levar em conta todas as violências que as mulheres, em especial as negras, sofrem na hora do parto. A escolha é da mulher e precisa ser respeitada.”

Autoria do livro ‘Um Defeito de Cor’, Ana Maria Gonçalves falou sobre a mudança na vida quando decidiu não ser mãe. “Foi por volta dos 30 anos. Terminei um casamento, vendi apartamento, sai da empresa e fui morar na Ilha de Itaparica. Lá, escrevi o livro que fala de uma mãe em busca do seu filho, e que foi escrito a partir de poemas e uma carta desse filho. Então é um livro sobre a maternidade”, destaca.

Segundo Ana Maria, um dos grandes problemas da mulher escravizada era justamente a maternidade. “As mulheres não tinham direito a escolha; seus corpos eram usados para reprodução de escravos e não seres humanos”, desabafou. E, ainda hoje, esse problema persiste: “a maternidade da mulher negra nunca foi discutida na sociedade”, concluiu.

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