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22/05/2020 15:20

Conheça a cientista, negra e nordestina, que coordena a luta contra o Covid-19 no Brasil

No Brasil, conhecemos o primeiro caso de Covid-19 confirmado no país e o nome de Jaqueline Goes de Jesus praticamente ao mesmo tempo. Isso porque a biomédica soteropolitana de 30 anos coordenou a equipe que sequenciou o genoma do vírus em 48 horas, tempo recorde em relação a outros países. A precisão e a agilidade foram essenciais para o estudo ganhar aplausos da comunidade científica – e além. Mas o fato de ter sido liderado por uma mulher negra e nordestina fez com que as luzes dos holofotes ficassem ainda mais fortes. Jaqueline foi manchete em vários jornais, destaque no Fantástico, viu seus seguidores no Instagram se multiplicarem e até ganhou cartum do Mauricio de Sousa, desenhada ao lado da professora Ester Sabino.

As duas dividem a coordenação do projeto Cadde (Centro de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus), uma parceria do Brasil com o Reino Unido, e que aqui foi desenvolvido no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. “Já trabalho há um certo tempo com estudos de vírus em grandes surtos, como dengue, chikungunya, zika e febre amarela. Mas essa repercussão toda foi uma surpresa enorme. Fiquei feliz pelo fato de as pessoas, principalmente mulheres negras e nordestinos, se sentirem representados”, conta, em uma preciosa brecha na agenda para conversar com Marie Claire.

O estudo desenvolvido pela equipe de Jaqueline tem uma razão muito nobre para ter atingido a popularidade que atingiu: a identificação precoce é um dos caminhos mais eficientes para direcionar as ações que ajudam a conter surtos de contágio, para reconhecer os focos de transmissão e para que os órgão públicos tomem as medidas de precaução. “O genoma de qualquer organismo é como se fosse um molde. Nele constam as informações que vão determinar a estrutura e a função daquele organismo, incluindo suas características físicas. Quanto mais rápido conhecemos os genomas virais, em particular, mais rápido entendemos como esses vírus estão circulando na sociedade. Pois cada vez que o vírus passa de uma pessoa para outra, ou de um local para outro, ele ganha marcas daquela transmissão que podem ser rastreadas. Isso contribui muito para o estudo de epidemias como a que estamos vivendo”, explica.

Ela ainda lembra que o fato de o sequenciamento ter sido feito em 48 horas foi importante, mas não uma novidade para a equipe brasileira. “A mídia e as pessoas focaram muito na agilidade, mas, na realidade, fazemos esse sequenciamento na nossa rotina de pesquisa em menos tempo, entre 12 e 24 horas. Assim, ter feito em 48 não foi algo tão inusitado para nossa equipe. Acho que o fato de outros países não conseguirem realizar em um tempo tão curto é que favoreceu esse destaque”, esclarece.

Fonte: Geledés

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