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26/10/2020 11:10
Mulheres Cientistas em Movimento: projeto dá visibilidade a pesquisadoras brasileiras
A produção científica feminina cresceu nos últimos 20 anos no Brasil – a taxa de trabalhos científicos de autoras aumentou 11%, alcançando 49% da produção científica total do país. Os dados do relatório Geder in the Global Research Ladscape (Gênero no Cenário Global de Pesquisa), apresentado por uma das maiores editoras mundiais, a Elsevier, revelam uma trajetória de lutas, mas não mostram os preconceitos enfrentados pelas mulheres no ambiente acadêmico. Nesse sentido, o projeto Mulheres Cientistas em Movimento leva à cena, até dia 14 de dezembro, um espaço para reflexão, desenvolvimento crítico e encorajamento de jovens cientistas a seguirem carreira na Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T&I).
Segundo a pesquisa "Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)", publicada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), as mulheres representam apenas 35% dos estudantes do mundo em áreas de STEM (science, technology, engineering and mathematics). No intuito de mostrar a importante contribuição feminina nessas áreas, “reunimos um grupo bastante diverso de cientistas – mulheres em diferentes estágios da carreira, idade, raça e gênero-, representando as quatro áreas básicas das ciências exatas e da vida: Biologia, Química, Física e Matemática”, pontua a professora titular do Instituto de Biologia da UFBa, Blandina Viana, que espera, com a iniciativa, aumentar a visibilidade das pesquisas realizadas por mulheres especialmente nas chamadas "hard sciences".
Para a comissão organizadora, o evento é uma oportunidade para conhecermos os desafios enfrentados por essas mulheres no reconhecimento das suas atividades e as estratégias utilizadas para a superação. De acordo com dados do CNPq, Inep, e Parent in Science, a presença feminina vai sendo reduzida na medida em que se escala os níveis mais altos da ciência. Um exemplo disso é que as bolsas de Produtividade em Pesquisa (PQ) para mulheres correspondem a apenas 36% do total.
Mulheres negras
Além da questão de gênero, mulheres negras, marcadas por um passado de colonização e escravidão, enfrentam barreiras ainda maiores. O Censo da Educação Superior (2016) revelou que apenas 0,04% dos docentes de pós-graduação no país são mulheres negras. A origem do abismo está na graduação, cujas estudantes negras correspondem a 6% dos alunos matriculados entre 20 e 24 anos. O cenário alerta para distâncias abissais e justifica a realização do “Mulheres Cientistas em Movimento”, uma ação conjunta entre o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estudos Inter e Transdisciplinares em Ecologia e Evolução (INCT IN-TREE), a Rede Kunhã Asé de Mulheres na Ciência e a Soapbox Science/Salvador, programa internacional de extensão que leva a ciência produzida por mulheres para as ruas.
Serviço
O que: Mulheres Cientistas em Movimento
Quando: às segundas-feiras até 14 de dezembro (02/11)
Horário: das 14h50 às 16h50
Como: inscrição gratuita em https://bit.ly/2QoecDC.
Fonte: Agenda Arte e Cultura da UFBA